29 de janeiro: Dia da Visibilidade Trans

Psicanalista e Educador Márcio Michelasi faz reflexão no Dia Nacional da Visibilidade Trans!

O que pode ser visibilidade trans? Será que se refere ao ato de enxergar aqueles seres humanos que, como alguns dizem, são confundidos pela voz do capiroto e se acham mulheres em corpo de homens ou vice-versa?

Atire a primeira pedra aquele(a) que nunca pensou em trocar a cor do cabelo, mudar a sobrancelha, mudar o nariz ou fazer uma lipoaspiração para se sentir completo(a)! E aqueles que moldam seu corpo pela musculação, inclusive com uso de anabolizantes para se sentirem mais fortes, belos ou adequados?

Buscar uma “adequação trans”, transformar sua natureza original numa forma que lhe agrade é algo mais comum do que qualquer olhar arrogante possa espiar.

Ainda que possa parecer complexo, todos os que tiverem EMPATIA podem entender que isso é um instinto humano da eterna necessidade de coalizão entre corpo e a alma.

Aliás, aquele(a) que optar por sentir-se bonito(a) trocando a cor do cabelo não faz nada além senão buscar uma imagem no espelho que lhe faça sentir amado(a), por si ou pelo mundo.

No final das contas, ser um transhair, transfitness, transviado, transloucado, transgenerizado ou trans-lgtqia+cnpj-pis-paseprizado importa a quem? Quem vive a dor ou delícia de ser o que é? Quem são as Genis que levam as pedradas?

Para que tudo isso, afinal, se do pó viemos e ao pó voltaremos? Para que tanto investimento em satisfazer desejos volúveis se tudo envelhece, enruga e é corroído pelo tempo?

Talvez, a resposta esteja no próprio questionamento acima. Penso eu que, como temos a “certeza inconsciente” de que esse mundo é tão efêmero e passageiro, nossos desejos por viver o máximo de prazer pessoal aqui na terra, diga-se, em aproveitar o máximo dessa vida que escorre entre nossos dedos, é algo que nos embriaga, hipnotiza e nos faz sobreviver às cartases cotidianas.

Que fique bem claro, ninguém é obrigado gostar ou concordar com a aparência de ninguém; todavia, no contrato social estabelecido em Estado Democrático de Direito só precisamos respeitar as balizas mestras da convivência humana.

Espero, muito em breve, não precisarmos separar um dia para lembranças como essa, pois todos seremos apenas vistos como SERES HUMANOS, dotados de VIDA e AMOR.

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