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Pós-Covid: como fica seu coração?

Por: Dr. Leonardo Quicoli, médico cardiologista  

 Não basta apenas estar recuperado do Coronavírus. É necessário confirmar que ele não deixou sequelas no organismo, principalmente no coração, já que muitos danos secundários não são apenas demonstrados durante a sua fase aguda.Ainda há muitos pontos que precisam ser descobertos e estudados sobre a Covid-19, mas evidências já conseguem apontar possíveis lesões cardíacas após a infecção. Pacientes que antes não apresentavam adversidades no coração ou até mesmo fatores de risco para doenças cardiovasculares podem desenvolver alterações cardíacas num período posterior ao contágio pelo vírus.Os prejuízos independem do grau da doença, já que até os quadros mais leves podem desencadear complicações semanas ou até mesmo meses depois da pessoa contrair o Coronavírus.

Desde o início da pandemia, muitos doentes internados em hospitais devido ao Coronavírus passaram a apresentar algum tipo de lesão cardíaca. Porém, mais recentemente, foi observado que o mesmo está acontecendo em pessoas que não chegaram a ser hospitalizadas, isto é, que tiveram apenas sintomas leves ou moderados e que não tinham problemas previamente diagnosticados. O Coronavírus pode danificar o coração de várias maneiras e por caminhos diferentes, uma vez que ele é uma das peças-chave para o funcionamento do corpo humano, tal como o pulmão. Ambos, aliás, trabalham juntos a fim de manter a oxigenação. Ou seja, quando o pulmão é afetado por uma doença, como a Covid-19, o coração também pode ser prejudicado.

 No músculo cardíaco, o Sars-CoV-2, vírus responsável pela pandemia atual, tem uma ação direta e indireta. Em primeiro lugar, o patógeno pode se alojar ali e devastar as células do órgão. Segundo, o contágio gera uma resposta desmedida do sistema imune. Uma vez que o organismo detecta um inimigo, ele ativa suas defesas imunológicas e passa a trabalhar para atacar as células doentes. Assim, quando o corpo reage de maneira muito vigorosa e desenfreada, corre-se o risco de destruir tecidos saudáveis do coração e, desta forma, prejudicar o seu funcionamento.

  Ele também pode ser comprometido indiretamente pela redução na concentração de oxigênio gerada pela disfunção dos pulmões, pela liberação de citocinas na corrente sanguínea (substâncias capazes de reduzir a função cardíaca) e por isquemia, devido à formação de coágulos na microcirculação. Além disso, a febre e a infecção motivadas pela Covid-19 promovem a aceleração dos batimentos e alteram a pressão arterial, causando mais estresse ao órgão.  Assim, as lesões ocorrem tanto pela ação direta do Coronavírus no coração como pela elevação de substâncias inflamatórias no organismo. Tudo isso mesmo com a ausência de doenças cardíacas congênitas, preexistentes ou de fatores de risco, como diabetes, hipertensão, colesterol, tabagismo, obesidade, sedentarismo, entre outros.

  A miocardite não é uma condição necessariamente grave, mas, em alguns casos, leva à insuficiência cardíaca e gera arritmias. A arritmia nada mais é do que um descompasso nas batidas que permitem que o coração contraia para bombear sangue pelas artérias. Num momento de esforço, o órgão precisa trabalhar com muita rapidez e eficiência, já que aumenta a demanda por oxigênio e nutrientes.É exatamente nessa hora em que esse desajuste cardíaco pode aparecer. Estima-se que uma situação como essa possa acontecer até 60 dias após o diagnóstico e a recuperação do Coronavírus.

  Outro transtorno relacionado à exacerbada resposta inflamatória devido à infecção é a disfunção no endotélio dos vasos sanguíneos, aumentando a resposta pró-coagulante, o que associado a menor oferta de oxigênio, contribui para formação de trombos nas artérias, aumentando o risco de trombose e infarto. Por isso, quem já foi infectado pelo Coronavírus e está na fase de recuperação deve ficar atento a qualquer tipo de sintoma que o corpo emite, como cansaço, palpitação, falta de ar, dor muscular, dor no peito, dor de cabeça, batimentos cardíacos irregulares, inchaço nos tornozelos e tonturas, e procurar um cardiologista para que os sinais possam ser devidamente avaliados em um check-up completo.

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